AULA-ESPETÁCULO DE ARIANO SUASSUNA: ARTE
E CULTURA BRASILEIRA NA TOMÉ
24 de abril de 2012. Dia que ficará marcado na história da Escola Tomé Francisco da Silva. O dia em que o escritor ARIANO SUASSUNA visitou pela 2ª vez a instituição, apresentando sua aula-espetáculo: “Tributo a Capiba” “O escritor esteve na escola em 2008, quando por ocasião de forte chuva, o espetáculo não foi apresentado na. Então, ele prometeu que voltaria e cumpriu sua promessa.
Ariano chegou à escola por volta das 19h30min e foi recebido pelo diretor IVAN JOSÉ NUNES e a equipe de professores. Para ilustrar a pomposa recepção, alunos caracterizados de personagens das obras de Ariano o receberam, o que comoveu o escritor. Quando se viu cercado de seus personagens como estátuas-vivas, seus olhos brilharam de emoção. A exposição organizada pela equipe da escola constava de banners com resumos e resenhas de obras como O Auto da Compadecida, O Santo e a Porca, Uma mulher vestida de sol, Romance da Pedra do Reino, O Casamento suspeitoso e A Farsa da Boa Preguiça. Todas essas obras foram estudadas em sala de aula pelos alunos no Projeto: “Ariano, o grande mestre da cultura popular”. Na exposição também estavam banners com homenagens a Ariano como os poemas Tributo a Ariano, homenagem da direção e professores e O menino é Pai do Homem, homenagem dos alunos do 3º ano do Ensino Médio/2011.
Exposição: Retalhos da obra de Ariano
Após visitar detalhadamente a exposição, lendo cada
poema, cumprimento cada aluno-personagem, o escritor dirigiu-se ao palco,
localizado na quadra da escola. Cerca de mil e duzentas pessoas o aguardavam.
Ao dirigir-se ao palco recebeu as boas-vindas oficiais do diretor da escola,
que proferiu um pequeno discurso. A seguir, um aluno e uma aluna recitaram um
poema, retratando o trabalho da escola e, ao mesmo tempo, homenagearam o
escritor com versos dedicados a ele. Uma bela recitação do aluno Petterson, da
8ª série A, e da aluna Lyohana, do 6º ano. Em seguida, Ariano encaminhou-se
para sua companheira inseparável, a famosa cadeira de madeira e couro e a
mesinha que o acompanham sempre em suas aulas-espetáculo.
Um espetáculo da mais pura cultura
brasileira
Iniciando suas palavras, Ariano falou da emoção que
sentiu ao ser recebido com a banda de música da cidade de Quixaba, tocando a
“Oração de São Francisco de Assis”. Elogiou
tudo que estava exposto sobre seus livros, dizendo que representava uma
verdadeira análise de sua obra. Chegou a dizer: “Acho que meu lugar é aqui”.
Só depois de expressar seus sentimentos em relação à
forma como foi recebido é que o autor de O Auto da Compadecida introduziu a
aula-espetáculo, explicando quem foi
Capiba e sua importância para a música
pernambucana e brasileira. Disse também
que Capiba foi um grande amigo seu, só divergiam em relação ao time de
futebol, pois Capiba era torcedor fanático do Santa Cruz e ele do Sport, daí o
tema da ornamentação do palco e roupa dos músicos e bailarinos com as cores e
símbolos do Santa Cruz. A seguir,
apresentou os músicos que entraram com seus instrumentos e posicionaram-se em
seus lugares. Apresentou também os dançarinos cada um pelo nome e explicando
que o grupo era composto por representante da três raças que formam o povo
brasileiro: brancos, negros e índios, escolhido por ele de propósito.
Ariano começou, então, uma prosa divertida e
simpática, que em vários momentos arrancou risadas da platéia. Anunciou a
primeira apresentação de dança com o Grupo Arraial, ao som de uma composição
musical de Capiba, que os bailarainos executaram com graça e maestria. A aula
prosseguiu, intercalando-se a fala de Ariano e as apresentações de música e
dança. Chamou a atenção de todos a voz aveludada de Naara, a cantora do grupo
que a todos emocionou quando entoou “Cotovia”,
poema de Manoel Bandeira na melodia
criada por Capiba. Outra composição
esplêndida de Capiba, cantada por Naara
e Edinaldo Cosmo foi “Sino, claro sino”, uma belíssima interpretação. A aula
prosseguiu entre uma prosa e outra de Ariano de forma que ninguém se cansou de
ouvir, nem de aplaudir. Todos: crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos
apreciando cada momento, cada interpretação de música e de dança, cada palavra
de Ariano, como em uma orquestra, todos numa só sintonia. Foi tudo perfeito: a
suavidade da voz da cantora, a firmeza e entusiasmo da voz do cantor, a
harmonia dos bailarinos, a fala inteligente, criativa e divertida de Ariano, o
ambiente, a receptividade do público. PARABÉNS, Ariano e sua equipe; PARABÉNS,
artistas; PARABÉNS, Escola Tomé Francisco da Silva: o diretor Ivan e sua
equipe, professores, funcionários e alunos! O espetáculo acabou e a vida
continua. Nunca esqueceremos da noite gloriosa em que Ariano Suassuna ,
paraibano-pernambucano de palavra, neste chão pisou com sua vivacidade e brilho
nos proporcionando tão grande honra.
Últimos momentos de Ariano na
Tomé
Após encerrar sua aula-espetáculo, Ariano ainda
recebeu uma homenagem da escola, através da entrega de uma placa comemorativa
pelo diretor Ivan José Nunes e a educadora de apoio, Josilene Quidute. Alguns
alunos entregaram cartas produzidas nas aulas de Língua Portuguesa pelos
alunos. Foi também realizada uma pequena entrevista pelos alunos Brenno, Mairla
e Amanda do 1º ano A, do Ensino Médio.
Enfim, fica a saudade de você, caro Ariano. Esses
momentos tão pertinho de nós serão inesquecíveis e marcarão a história da Tomé
Francisco para sempre.
Rosineide Alves – professora e diretora-adjunta da
escola.